sábado, 28 de setembro de 2013

São Bento, o verdadeiro Azulão


Com um recorde de 29 anos de permanência na elite do futebol paulista (1963-1992), entre os clubes do interior, o ESPORTE CLUBE SÃO BENTO ganhou como mascote um pássaro chamado Tira-prosa e o apelido de "azulão". Talvez pela sua tradicional camisa azul marinho ou por revelar craques nacionais que endureciam nas partidas contra os grandes times da capital. Seu centenário comemorado no último dia 14 de setembro de 2013, marcou a reabertura do antigo Estádio Umberto Reali, localizado no conhecido "bairro dos espanhóis" em Sorocaba. Palco de muitas vitórias e batalhas pelo Paulistão, o velho estádio agora será o futuro CT do Bentão, gramado que traz lembranças de jogaços contra times rivais do interior (Ponte Preta, XV de Piracicaba, América, Noroeste, Ferroviária) assim como os "clássicos" contra São Paulo, Corinthians, Santos, Portuguesa e Palmeiras, alguns relatados na primeira postagem do São Bento. Assisti alguns jogos ainda no Umberto Reali, mas foi no CIC - Estádio Walter Ribeiro, que batizei minha torcida sãobentista. Em 1978, após a inauguração chuvosa na derrota contra o São Paulo (2 a 0), passei a frequentar os jogos do Campeonato Paulista realizados à tarde, pois ainda não havia iluminação no gramado. Sempre em companhia dos amigos do ginásio (que jogavam muita bola e futebol de botão) lembro de jogos contra Juventus, Taubaté, XV de Jaú, Marília e uma goleada de 3 a 0 no Velo Clube (Rio Claro). E os grandes da capital jogavam no domingo: estádio lotado (quase 20 mil pessoas) com direito a arquibancada de visitantes e gente até o "barranco" da geral atrás do gol. Um dos últimos jogos que assisti no CIC foi São Bento x Corinthians na arquibancada inferior atrás do gol, e vi a bola que furou a rede entrando "por fora", no gol do Timão. Antes só ia ao estádio com meu tio corinthiano e meu pai. Uma vez, numa partida São Bento x Ponte Preta, rodada do meio de semana no velho campo da av. Nogueira Padilha, chegamos com o jogo em andamento. Arquibancadas lotadas, só foi possível acompanhar o jogo pelo alambrado. Baixinho, sem ver nada, somente escutava o barulho da torcida. Leonidas (meu pai), na época não era muito fã de futebol, mas até hoje, conta uma história de um jogo do São Bento, onde estávamos na arquibancada coberta quando uma garrafa (sim, de vidro!) passou raspando na minha cabeça. Lenda ou não, depois disso ficou mais difícil convencer "seu Léo" pra ir ao futebol.

Nos cem anos de futebol em Sorocaba, o São Bento teve vários rivais históricos, como a Associação Atlética Scarpa (na fase amadora) e o Estrada de Ferro Sorocabana Futebol Clube (no profissional a partir de 1953), nos quais tive a oportunidade de jogar nas categorias de base (de 1978 a 1982) - futebol de salão no Scarpa, e campo (lateral direito) no Estrada. O São Bento sagrou-se campeão paulista da Primeira Divisão, em 1962 (atual Série A-2), numa disputa em três jogos contra o América de São José do Rio Preto, subindo para a Divisão Especial (atual Série A-1). O jogo final foi disputado no Estádio do Pacaembu, com gol de Picolé (prorrogação), na vitória do Bentão por 2 a 1. Em 1963, o São Bento foi 4º colocado no Campeonato Paulista, na melhor campanha de sua história superando Corinthians e Portuguesa. O ponta-esquerda Paraná, revelado no clube, transferiu-se para o São Paulo em 1965 e foi a Copa do Mundo de 1966, com a Seleção Brasileira. Desde 1993 faz o dérbi sorocabano contra o Atlético Sorocaba, com vantagem para o Galo com 17 vitórias.
A arte dos escudos do São Bento foi uma das primeiras que desenhei em 2009, com referência a famosa camisa azul, apenas com o distintivo sobre a cor e a escalação baseada no grande time dos anos 1970. A outra versão é da camisa azul celeste, 1º uniforme da campanha do último acesso a série A-1 (2005) com a logomarca do patrocinador "Colaso" (fábrica de laticínios). Torci pelo São Bento também pelas transmissões de rádio, como na derrota contra o Flamengo de Zico no Maracanã e na fase final do Paulistão A-2 (2008), quando São Bento e Atlético Sorocaba foram prejudicados pelo "jogo marmelada" protagonizado por Oeste e Mogi Mirim que subiram para Série A-1. Em tempo, acompanhei entusiasmado aos jogos do Bentão pela tv (coisa inimaginável na infância): na Série A-2 pela TV Cultura (2005); na A-1 pelo Canal Sportv/Globo (2006/2007) e Rede Vida na conquista do título paulista da Série A-3 (2013). Inclusive o empate em 1 a 1, na final contra o Batatais no CIC, diante da fanática torcida, resultado somado à vitória beneditina por 3 a 1 no primeiro jogo. Outros tempos, mas "promessa é dívida"- então, falta juntar os amigos e ver o Azulão sorocabano de novo no Estádio Municipal. O São Caetano que despontou no futebol brasileiro em 2000, me desculpe, mas azulão mesmo, sempre foi o São Bento!