Olá amigos! Esta é uma página autoral sobre minha coleção de Futebol de Botão para divulgar times originais das marcas Estrela, Gulliver, Canindé, Crakes, Jofer, Sonata, Miniplay entre outras, além de botões customizados (botão genérico + adesivo ou arte), "signature" (artes especiais assinadas) e série vintage (restaurações de adesivos e réplicas digitais). Os artigos e fotos postados marcam a memória do futebol, sempre ligados aos botões e também à atualidades do esporte. Bem vindos!
Botões na cor laranja: a Gulliver manteve o modelo dos anos 70, substituindo os escudos por bandeiras
Faltavam 74 dias para a abertura da Copa do Mundo FIFA-2014, quando relatei aos leitores minha primeira lembrança dos mundiais. Foi a Copa de 1974. Na Alemanha dividida, em meio à Guerra Fria, ditadura militar no Brasil, Seleção sem Pelé e meu primeiro ano do colégio estadual. Não tenho maiores registros dos acontecimentos - uma ou outra revista da época - pois muita coisa se perdeu, como meu álbum de figurinhas da Copa e meus primeiros times de botão da Estrela, com as carinhas dos jogadores. Por muito tempo, ficaram na memória, as imagens em preto e branco da minha tv General Eletric, na qual, supostamente assisti os jogos da Seleção Brasileira. No Brasil, a TV Globo já exibia programas em cores, como o "Fantástico" e a novela "O Bem-Amado" e transmissões ao vivo. Na verdade, o que ficou lost foi a sensação de ter asssistido os jogos ao vivo e não no videotape (depois da Copa). O primeiro jogo do Brasil foi contra a Iugoslávia na abertura do torneio (seria imperdível), um zero à zero entediante jogando de camisas "escuras" (uniforme azul) com os tricampeões Rivellino, Jairzinho e Piazza. Depois, outro empate sem gols contra a Escócia (o time de Zagalo não embalava) e no terceiro jogo, teria que derrotar o Zaire por 3 gols pra se classificar. Torcida juvenil em frente a tv: o futebol brasileiro contra a ingenuidade dos africanos numa "goleada" que ficou no 3 a 0, graças à Jairzinho (12'), Rivellino (66') e Valdomiro (79'). O Brasil ficou em segundo lugar no grupo B, pelo saldo de gols (3 contra 2 dos escoceses) caindo na segunda fase com a Holanda.
Cruyiff troca flâmulas com Perfumo (Argentina): supersticioso, ele usava uniforme com duas listras
É aí que minha história chega ao penúltimo capítulo: o duelo contra a Holanda, de Cruyiff e cia. Só lembro de ver os holandeses no mundial jogando contra o Brasil, mesmo assim, tenho dúvida se foi ao vivo, pois o fatídico jogo foi repassado algumas vezes pela TV Cultura. Sob o comando de Rinus Michels, a Holanda tinha jogadores habilidosos do Ajax, tricampeão europeu em 1971/72/73, que se movimentavam como um "carrossel". Apenas o goleiro Jongbloed, que usava o número 8, era fixo. Jogando sem luvas, quando atacado rebatia a bola com socos e cabeçadas. Na intermediária defendiam em bloco, literalmente com 4 ou mais jogadores abafando o adversário. Atacavam o tempo todo, mesmo contra Uruguai, Brasil e na final contra a Alemanha Ocidental. A Holanda que havia disputado as Copas de 1934 e 1938, teve uma campanha alucinante em 1974, com 5 vitórias, 1 empate e 1 derrota. Na fase de grupos, the oranges derrotaram o Uruguai por 2 a 0; empate sem gols contra a Suécia; goleada de 4 a 1 na Bulgária; na segunda fase, mais uma goleada de 4 a 0 sobre a Argentina; 2 a 0 na Alemanha Oriental e 2 a 0 no Brasil. Na final, logo no primeiro ataque, um penalti a favor da Holanda convertido por Neeskens (2'), confirmaria o favoritismo diante da Alemanha Ocidental, que empatou com a mesma moeda, outro penalti convertido por Breitner (25'), para virar o placar em 2 a 1, ainda no 1º tempo com Mueller (43'), que se tornaria o maior artilheiro das Copas (14 gols) até Ronaldo (15 gols) em 2006.
Holanda da Gulliver para a Copa de 2006 (Alemanha) com adesivos modificados
Meu time da Holanda é um botão laranja da Gulliver "World Cup Germany 2006", customizado com adesivos da marca Miniplay (distintivo) comprados na rua 25 de março, por cerca de R$0,90! Na época do Mundial da Argentina (1978), jogava muito com outro botão da Holanda, um Gulliver do inseparável amigo Zé Augusto (sim, ele tinha as seleções com distintivos!) com os craques Neeskens, Resenbrink, Han, Repp e Cruyiff, que não foi a Copa de 1978 por temer a situação política na Argentina. No meu segundo mundial assistido (quase) na íntegra, vi a tal laranja mecânica ser desmontada pelos hermanos. Voltando ao penúltimo capítulo dessa história - Brasil 0 x 2 Holanda - lembro das partidas anteriores da segunda fase, onde os canarinhos derrotaram a Alemanha Oriental por 1 a 0 (gol de Rivellino) e a Argentina por 2 a 1, no clássico mais esperado das Copas, partida que assisti em Águas de Santa Bárbara-SP, na casa de meus primos. O filme oficial da FIFA - Copa de 1974, mostra a trajetória da Alemanha Ocidental, país sede, com sua estratégia para chegar a grande final e a Holanda goleando os adversários. Pouco mostra o Brasil tricampeão, dono da Taça Jules Rimet, que foi substituída pela FIFA World Cup, pela primeira vez em 1974. No filme, os craques brasileiros pareciam não acreditar no que já havia acontecido com Uruguai, Bulgária e Argentina: só a Holanda jogava, envolvendo a seleção com posse de bola, forte marcação e o "carrossel", tática onde nenhum jogador de linha guardava posição fixa. O primeiro sonho do tetra, terminava com Rivellino irritadíssimo com a marcação, Leão defendendo (quase) tudo e Luis Pereira expulso mostrando o escudo da seleção e o número 3 (tri) para torcida holandesa.
No último capítulo, a trilha sonora da final ganha uma orquestração "dramática", com sons percussivos (batalha do jogo) e canto melancólico (dos holandeses derrotados). E a geração fabulosa da Holanda voltaria ser vicecampeã contra a Argentina (1978). Michels voltou a treinar a seleção em 1988, tornando-se campeã da Eurocopa com Gullit e Van Basten. Foi derrotada na África do Sul (2010) pela Espanha, confirmando sua marca de vicecampeã pela 3ª vez!