quinta-feira, 28 de julho de 2011

Londres-2012: desafio para os Jogos Rio-2016

1 year to go. Os ingleses estão há um ano da abertura das Olimpíadas de Londres e iniciaram uma contagem regressiva nesta quarta-feira, em evento contagiante na Trafalgar Square. Na cerimônia foram apresentados os modelos das medalhas olímpicas, com a presença de dirigentes do Comitê Olímpico Internacional, entre eles, o brasileiro Carlos Artur Nuzman e Sebastian Coe, presidente do Comitê Organizador da Londres-2012. Coe (medalhista de ouro nos 1.500m do atletismo em Moscou-80 e Los Angeles-84) e o prefeito de Londres garantem que estão prontos com folga nas obras da vila olímpica e também no orçamento (inicialmente, cerca de 9,3 bilhões de libras). O novo estádio olímpico, o ginásio de basquete e o centro aquático são destaques arquitetônicos construídos próximos ao Parque Olímpico, localizado em Stratford no leste de Londres.
As partidas do futebol serão disputadas em várias cidades da Grã-Bretanha, como a modalidade feminina que estará em Cardiff, no País de Gales. Glasgow, na Escócia, Newcastle, Manchester, Coventry e Londres, na Inglaterra, completam os estádios para a competição. No masculino, o Brasil que ainda não conquistou o ouro, já está classificado assim como o Uruguai, bicampeão olímpico nas edições de 1924/28. No feminino, a equipe brasileira se classificou ao lado da Colômbia, na final do Sul-Americano de 2010 e, mais uma vez, será protagonista ao lado de Alemanha, EUA e Japão, atual campeã mundial.


A seleção do Uruguai depois do bicampeonato olímpico
venceu o Mundial da FIFA em 1930
 Para o Rio de Janeiro, próxima sede em 2016, fica o desafio lançado pelos ingleses: antecipar as instalações e a infraestrutura local muito antes da abertura dos Jogos. Isso deve servir de “alerta vermelho” aos organizadores da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, onde as obras do “Itaquerão” (palco da abertura da Copa) ainda estão em fase de terraplanagem e perde em cronograma para a Rússia-2018, com obras já iniciadas.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Falcão - era uma vez em Roma

A imprensa esportiva criou inúmeras vezes uma espécie de legenda para denominar os craques da bola, fato comum nos tempos do "futebol de camisa". Exemplos notáveis foram Jairzinho, "o furacão da Copa", César "maluco", Toninho "guerreiro", Serginho "chulapa", Roberto "dinamite" e, recentemente, Ronaldo "fenomeno", Adriano "imperador" e "Loco" Abreu (sem dúvida, este é louco mesmo, por fazer uma "cavadinha" em penalti do jogo Uruguai X Gana, pelas quartas-de-final da Copa 2010). Ainda temos os mitos Leonidas da Silva (o diamante negro) e Dario "peito de aço" ou Dadá Maravilha (segundo ele mesmo, "aquele que 'pára no ar' como o helicóptero e o beija-flor!"). Sem falar no Rei Pelé – muito além do que os argentinos chamam de "el Dios" para Maradona.
Foi assim com Falcão, chamado "o rei de Roma" nos anos 1980, quando jogava na Itália pela Roma (campeão em 1981/82-83/84), também chamado de Divino ou "oitavo rei de Roma" no grande mercado da bola, com a limitação de dois jogadores estrangeiros por clube italiano. E não foi à toa. Falcão havia ganhado tres Campeonatos Brasileiros pelo Internacional-RS em 1975/76/79 e cinco Estaduais em 1973/74/75/76/78 - um supertime com o veterano goleiro Manga, a zaga "inteligente" formada por Marinho Perez e pelo chileno Figueiroa, Valdomiro, Escurinho, Dadá Maravilha e Lula. Aliás, Falcão e Valdomiro protagonizaram o lendário gol contra o Atlético-MG, na semifinal do Brasileiro de 1976, em pleno estádio do Mineirão - uma pintura - em jogada que começou com uma tabelinha de tres toques de cabeça até o chute de Falcão. (vale uma postagem, pois tenho um amigo gremista que reconhece este como um dos grandes gols da história do Brasileirão)
Falcão esteve na Seleção Brasileira que disputou entre outros, o Torneio do Bicentenário dos Estados Unidos e do "futebol arte" comandada pelo técnico Telê Santana nas Copas da Espanha (1982) e do México (1986), dois times superados por Itália e França, respectivamente, em confrontos memoráveis.
Em entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura, em 17/05/2010), Paulo Roberto Falcão foi cauteloso nas respostas, mantendo a agilidade do volante clássico, sem ceder as questões provocantes sobre convocações da Seleção nas últimas Copas - sobretudo a do técnico Dunga, nos casos polêmicos Adriano, Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Ganso. Como entrevistado, cedido pela TV Globo, disse não poder falar sobre as transmissões da Copa do Mundo, porém fez críticas pontuais sobre sua passagem pela CBF como técnico da Seleção (depois de Lazaroni em 1990) e sobre o time de 1978 que foi ao Mundial da Argentina. Também falou sobre sua condição física na Copa de 1986.
Ponto positivo para Falcão. Com a elegância de ex-técnico da Seleção que usava terno e gravata na beira do campo, lembrou categoricamente que em 1978 não havia treinador mais capacitado para a seleção que Rubens Minelli, pois tinha sido bicampeão brasileiro pelo Inter-RS e em seguida pelo São Paulo em 1977. O que ocorreu foi “verdadeira injustiça” por parte da CBF que cedeu às pressões políticas cariocas durante a ditadura militar, nomeando Cláudio Coutinho, técnico do Flamengo, na campanha conhecida como "campeão moral" do Mundial da Argentina. Segundo Falcão, Minelli, certa vez perguntado sobre qual tipo de jogador ele preferia trabalhar, respondeu: "Eu quero sempre o melhor jogador [...] mas entre convocar um atleta de 1,85m ou 1,70m, vou optar pelo mais alto". Talvez daí, a desconfiança da CBF que o treinador não levaria o "galinho" Zico para o Mundial daquele ano.
No episódio da Copa de 1986, Falcão – substituído por Júnior que atuaria como volante durante o torneio – relata que estava no São Paulo, era dono do próprio passe, mas não tinha a melhor condição física como na galática seleção de 1982. Pretendia voltar à Itália depois da Copa, mas a notícia de sua lesão vazou na imprensa de forma equivocada: joelho estourado. Ainda assim, Diego Maradona o convidou para ser o segundo estrangeiro do Napoli (ITA) e, Falcão mais uma vez perdeu a transferência para o calcio italiano por problemas no calendário (o Napoli foi campeão naquela temporada com um jogador estrangeiro). Sobre a Copa de 1982, em tom bastante lamentoso, apenas um comentário precedido das imagens dos gols na derrota por 3 a 2 no Sarrià: "O empate nos classificaria, mas continuávamos atacando a Itália". (gols da partida: Sócrates e Falcão pelo Brasil e o camisa 20 Paolo Rossi fez os tres da azurra)
Como técnico da Seleção Brasileira (17 jogos), Paulo Roberto Falcão foi segundo lugar na Copa América (1991), rompendo logo depois com a CBF que o impediu de treinar a Seleção Olímpica para os Jogos de Barcelona (1992), pois a política era manter o trabalho da equipe de Lazaroni, fracassada na Copa da Itália (1990).
Durante a entrevista, o ex-jogador manteve a postura equilibrada, característica de sua atuação como comentarista da Globo, afirmando que a tal convicção defendida por Dunga com relação aos convocados e o comprometimento destes com a camisa da seleção, é certamente fruto do trabalho de quatro anos a frente da equipe. E ainda completou: "O Dunga não reage bem às críticas [...] se ganhar o Mundial, vai haver um silêncio profundo daqueles que não acreditaram nos seus resultados (incontestáveis pela CBF) [...] mas se perder, vai ser com sua própria cabeça de treinador".
Falcão estava certo, porém foi difícil aceitar mais uma convocação da seleção canarinho onde não apareceram jogadores representativos do atual futebol brasileiro, correndo o risco de uma fraca campanha. Se havia uma suposta renovação por Dunga (média de idade de 29 anos), sem os medalhões de 2006 – Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos – ficamos com Kaká, Luis Fabiano, ambos machucados e Robinho sem os companheiros do Santos. E como sabemos, a "fúria espanhola" foi a campeã em 2010 e ficamos pelo meio do caminho na África do Sul, sem o Gaúcho, sem o Neymar, sem Pato nem Ganso! (e continuamos apelidando nossos craques e os times de futebol)
Elson Leonidas, é músico, desenhista e colecionador de futebol de botão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNZELTE, Celso Dario. O livro de ouro do futebol. Ediouro. Rio de Janeiro, 2009. 696p.
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. páginas visitadas (9/12/2010): Paulo Roberto Falcão; Seleção Brasileira de Futebol.