quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

O São Bento do Decoliveira

O Esporte Club São Bento permaneceu na 1ª Divisão do Campeonato Paulista por 29 anos (1963 a 1992) voltando a participar da Série A-1 em 2006 e 2007, descendo para A-2 onde ficou até este ano com algumas boas campanhas na tentativa de voltar à elite do futebol paulista. Em 2012 disputará a A-3 de olho no centenário do clube em 2013. O "verdadeiro" azulão de Sorocaba revelou grandes craques para o futebol durante os anos 60 e 70, como o ponta esquerda Paraná (São Paulo), o zagueiro Marinho Peres (Portuguesa, Santos, Seleção Brasileira, Barcelona-ESP, Internacional e Palmeiras) além do atacante Lance (Corinthians) e do meia Gatãozinho. Pertence a um seleto grupo de times do interior paulista que disputava emocionantes partidas com os grandes clubes da capital, com apoio da fanática torcida que lotava o antigo estádio Humberto Reale. Assisti grandes jogos do São Bento contra Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Portuguesa, Juventus e também os rivais do interior, Ponte Preta, Guarani, XV de Piracicaba, Ferroviária e América por volta de 1980. No último Paulista da Série A-1 (2007), o Bentão conquistou grande vitória sobre o Santos por 2 a 0, na Vila Belmiro, num sábado de Carnaval. Depois terminaria em 18º lugar, sendo rebaixado em casa (Walter Ribeiro) na derrota por 3 a 0 para o Palmeiras. Aproveito para postar as fotos do botão artesanal que fiz para meu sobrinho André Oliveira, colecionador de camisas de times (a do Bentão ele já tem). E não a arte dos escudos, por ser um presente exclusivo (ainda não fiz cópia pra minha coleção). Os botões são de "lentes de relógio" pintados com tinta acrílica e os escudos com impressão à laser fixados com fita adesiva. As fotos foram clicadas na noite de Natal, antes mesmo de terminar a embalagem. Espero que gostem. Logo postarei mais versões do grande azulão de Sorocaba.




Botões do São Bento com escudos baseados
no uniforme home azul celeste de 2006
Principais conquistas: Campeonato Paulista da Primeira Divisão (1963); 4º lugar - Campeonato Paulista Divisão Especial (1964); 15º lugar - Campeonato Brasileiro (1979); Taça Estado de São Paulo (1985); Campeonato Paulista Série A-3 (2001).

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Lusa vai estar lá

A Portuguesa conseguiu o acesso para o Brasileirão 2012 - Série A por antecipação, com a vitória sobre o Americana por 3 a 2. Na frente da tabela da Série B e invicta a 15 jogos, a Lusa comandada pelo técnico Jorginho (ex-Palmeiras em 2009) agora vai em busca do título de campeão brasileiro em 2011. Com 19 vitórias até a 32ª rodada, a torcida enfim relaxou no jogo anterior contra o Vitória-BA, onde as faixas que permaneciam de ponta-cabeça em protesto desde o rebaixamento em 2008, finalmente foram viradas no Canindé. E se a vice-líder Ponte Preta confirmar a boa campanha, serão mais dois clubes paulistas retornando a eleite do Brasileirão em 2012. A melhor campanha da Portuguesa em Campeonatos Brasileiros foi um vice-campeonato em 1996, quando perdeu a final para o Grêmio. Foi duas vezes campeã do Torneio Rio-São Paulo (1952/1955), bicampeã do Paulista (1935/36) e o título de co-campeã (1973), em polêmica decisão contra o Santos, com erro de contagem dos penaltis pelo árbitro Armando Marques (recorde de público da Lusa - 116.156). (Veja restauração de escudos originais do botão da Portuguesa de Desportos da marca CANINDÉ na página "série vintage")

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Histórias do Lobo e do futebol

No último dia 13 de agosto, um brasileiro, jogador, técnico da seleção brasileira, do Botafogo-RJ, Flamengo-RJ, único tetracampeão mundial de futebol, fez 80 anos. “Velho Lobo”, vencedor, obstinado e supersticioso com o mítico número 13: “Brasil campeão tem treze letras e Argentina vice, também tem treze letras”, é uma de suas frases mais famosas. Seu nome: Mário Jorge Lobo Zagallo.
Em entrevista ao canal SPORTV, Zagallo conta fases da carreira, entre elas o primeiro título mundial de 1958 e as campanhas de 1970, 1974, 1994, 1998 e 2006. Ele esteve no maracanasso na final entre Brasil e Uruguai na Copa de 1950, ainda como espectador, porém, predestinado a mudar o futuro da seleção brasileira (ainda não era a canarinho pois usava o uniforme branco). “Eu tenho verdadeira paixão pela amarelinha [...] ainda posso contribuir de alguma forma com a seleção”, disse inconformado sobre a eliminação do Brasil na Copa América 2011, quando a seleção perdeu todos os pênaltis na disputa contra o Paraguai.
Depois do drama de 1950, Zagallo junto a Pelé, Garrincha & Cia, conquistava em 1958, em Estocolmo, o tão sonhado título mundial contra a Suécia por 5 a 2.  Aos 4’ do primeiro tempo os donos da casa abrem o placar – voltava o pesadelo de 1950 – logo superado pelo Brasil que virou em 2 a 1. Na etapa final, o jovem Pelé marcou o 3º, Zagallo o 4º, a Suécia descontou e Pelé fez o 5º, um dos maiores gols da história das Copas. Brasil campeão.
Em 1962 no Chile, última de Zagallo como jogador (com Pelé machucado na primeira fase), as vitórias da campanha do bicampeonato foram comandadas por Garrincha.  O Brasil teve poucas alterações. Amarildo substituiu Pelé contra a Espanha e apesar de Pepe estar melhor na ponta esquerda, Zagallo foi o titular. O jornalista Celso Unzelte, autor de “O livro de ouro do futebol” (Ediouro, 2002), faz a seguinte descrição sobre o Brasil na Copa de 1962:
“Com Pelé definitivamente fora da Copa do Mundo, coube a Garrincha fazer um pouco de tudo. E ele fez: passes, cruzamentos, dribles e quatro gols, entre eles um de cabeça e outro de pé esquerdo, jogadas que não eram parte do seu repertório”. (p.165)

 Brasil bicampeão. Zagallo deixava a ponta esquerda para treinar os juniores do Botafogo em 1966. No ano seguinte com o time profissional foi campeão carioca e, em 1968, o bicampeonato e a conquista da Taça Brasil.

PRA FRENTE BRASIL, SALVE A SELEÇÃO
O “convite” para treinar a seleção brasileira veio após a saída do jornalista e técnico João Saldanha que havia ganhado as eliminatórias para o Mundial do México’70. Neste episódio polêmico da CBD em pleno regime militar, Zagallo se defende dizendo: “Falaram que eu tinha pégo a seleção pronta do Saldanha. Isto me incomodava porque não era a realidade. Eu passei de um 4-2-4 das eliminatórias para um 4-3-3. Meu ponta-esquerda seria o Paulo César Caju e o Tustão apenas o reserva do Pelé. Eu coloquei dois reservas, o Rivellino e o Clodoaldo para jogar no meio-campo ao lado do Gérson, sendo que o Piazza passou a quarto-zagueiro. No gol, jogava Ado ou Lião (mais o Ado), na lateral-esquerda, Marcoantónio [...] O Tustão vinha de uma cirurgia no olho e se destacou como pivô de área (como no basquete). Mudou totalmente, eu já sabia o que iria fazer com a seleção, pois Copa do Mundo é outra coisa!”

Brasil na Copa de 1970: a mesma formação 
com o Peru e na final contra a Itália
Para Zagallo, o jogo principal na campanha do tri foi Brasil 1X0 Inglaterra, com boa atuação de Paulo Cesar e gol de Jairzinho diante dos campeões de ’66, que teve ainda, uma cabeçada de Pelé quase indefensável para Gordon Banks que desviou espetacularmente para escanteio. Mas, segundo ele mesmo, a semifinal contra o Uruguai mexeu com o fantasma da final perdida de 1950: “No intervalo dei um esporro na equipe [...] havia uma pressão feita pela imprensa na véspera da partida contra os uruguaios e eles eram muito jovens, não tinham nada a ver com aquilo”. De virada, Brasil fez 3 a 1 seguindo para a final contra a Itália, também bicampeã (1934/1938) na disputa definitiva pela Taça Jules Rimet. Brasil tricampeão.

“AÍ SIM, FOMOS SURPREENDIDOS”
Na Alemanha, em 1974, tudo seria diferente com mudanças no time (sem Pelé que se despediu da seleção contra a Iugoslávia, em 1971) e a Holanda pela frente, a melhor seleção da Europa que se movimentava constantemente e os jogadores não guardavam posição fixa. Em transmissão do jogo Holanda 2X0 Uruguai feita pela TV Cultura, nota-se a surpresa do narrador Luiz Noriega vendo o esquema tático dos holandeses que envolvia os uruguaios. Depois de uma classificação magra na primeira fase vencendo a República Democrática do Congo (Zaire) por 3 a 0, a seleção brasileira até embalou: fez 1 a 0 na Alemanha Oriental, 2 a 1 na Argentina e parou diante do carrossel holandês, perdendo por 2 a 0, com o zagueiro Luis Pereira expulso. Segundo Unzelte relata em seu livro:

“Na véspera da partida contra a Holanda, o técnico brasileiro Zagallo procurou menosprezar o futebol do adversário. ‘É um bom time, mas nada de especial’, chegou a dizer sobre os holandeses”. (p.205)  
Com gols de Neeskens e Cruyff aos 20’ do segundo tempo, acabava o sonho do tetracampeonato para Zagallo, diante da favorita Holanda que seria vice, perdendo por 2 a 1 para o futebol pragmático de forte marcação da Alemanha Ocidental, comandada por Beckenbauer. Zagallo reconheceu: “Caímos diante de um futebol de primeira linha”. Rinus Michels treinador holandês de volta à seleção em 1978, com alguns jogadores da laranja mecânica, não conseguiu repetir a mesma revolução futebolística de 1974. Johan Cruyff por questões políticas, se recusou a jogar o Mundial da Argentina, na época governada por uma junta militar e a Holanda novamente perdeu a final para a anfitriã por 3 a 1.



Brasil na Copa de 1974: Brindisi marca o gol da Argentina em jogo da segunda fase
“É TETRA, É TETRA!”
Em 1994 na Copa dos EUA, Zagallo foi chamado pela CBF para ser coordenador técnico de Parreira. Os dois treinadores já haviam trabalhado juntos na campanha do tricampeonato em 1970 (Parreira era prepador físico) e segundo Zagallo, “éramos uma dupla sem vaidades”. A ideia da dupla de treinadores seria inovadora, porém, não resistiu a pressão popular que pedia a volta de Romário, cortado por indisciplina nas eliminatórias, na qual o Brasil sofreu sua primeira derrota na história do torneio, em La Paz, para a Bolívia por 2 a 0. No último jogo o Brasil precisava da vitória contra o Uruguai para se classificar, superando a celeste com dois gols do próprio Romário, que marcou de cabeça e, depois de um drible desconcertante no goleiro (à la Pelé contra o Uruguai em 1970), carimbou o passaporte brasileiro para os EUA. Nas quartas-de-final estava a Holanda, campeã da Eurocopa 1988. Na época, Zagallo afirmou que tinha que devolver a eliminação de 1974 e que a laranja estava engasgada (nele) há muitos anos. O Brasil fez 3 a 2 com gols de Romário, Bebeto e Branco. Seria mesmo a Copa de Romário que marcou 6 gols, inclusive na final contra a Itália, a primeira decidida nos penaltis. Zagallo indicou Romário como batedor, apesar de não ter treinado as cobranças na véspera da partida: “Manda o baixinho bater!” Brasil tetracampeão.
“VOCÊS VÃO TER QUE ME ENGOLIR”
   A frase acima é a mais conhecida de Zagallo, dita após a conquista da Copa América de 1997 diante da rival Argentina. Tentava-se firmar pela herança de conquistas na seleção, pois em 1996, deixou escapar a medalha de ouro, eliminado pela Nigéria, nos Jogos de Atlanta. Romário lesionado estava na lista...de corte da seleção, sendo anunciado por Zico, então coordenador técnico para a Copa da França em 1998. O Brasil perdeu para a Noruega por 2 a 1 na fase de grupos. E depois de Chile e Dinamarca, mais uma vez a Holanda pelo caminho, agora nas semifinais. Com o resultado de 1 a 1 nos 90 minutos e 0 a 0 na prorrogação, a decisão foi para os penaltis. Aí entrou o otimismo exagerado de Zagallo  dizendo palavras de ordem para cada um dos jogadores visivelmente exaustos: “Vamos ganhar isso, hein...vamos ganhar”. Com Romário cortado para a Copa da França, Ronaldinho seria o grande protagonista, inclusive na final, com o caso da convulsão sofrida horas antes do jogo contra a França. Ronaldo passou por exames em Paris e a comissão técnica o liberou para a decisão. Mas minutos antes, na transmissão da TV Globo, o narrador Galvão Bueno dizia perplexo que Edmundo estaria escalado no lugar de Ronaldo. Para Zagallo, Ronaldo pediu para jogar. “O time estava apático, pensei que ele entrando em campo levantaria a equipe”, disse. Muita pressão em cima do jovem fenômeno, falava-se em exigências do patrocinador, estresse. Seria uma tentativa de surpreender o adversário, como no filme “El Cid” (Anthony Mann - EUA/1961), onde o lendário espanhol, após ser ferido em duelo, desfila morto em seu cavalo entre mouros e cristãos. Os brasileiros estavam literalmente desabando em campo (o goleiro Bhartes trombou com Ronaldo na entrada da grande área). Brasil perde por 3 a 0 para os le bleus. Brasil vicecampeão (não acontecia desde 1950!).
“EU VIVO A AMARELINHA”
Em 2006 na Alemanha, marca a volta da dupla Parreira/Zagallo, técnico e coordenador respectivamente no comando dos pentacampeões com o chamado “quadrado mágico”: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano. Só funcionou para Ronaldo tornar-se o maior artilheiro das Copas com 15 gols – a antiga marca era do alemão Gerd Müller com 12; Klose, também da Alemanha com 14 até o Mundial da África do Sul, poderá ultrapassar o fenômeno se jogar e marcar em 2014. Outra frustrada eliminação pela França, nas quartas com gol de Thierry Henri no segundo tempo, depois de escanteio cobrado e desatenção total da defesa. Zagallo passou maus momentos na Copa de 2006, com depressão após uma cirurgia para retirada de um tumor no duodeno.
E a história seguinte: Dunga na África, França eliminada na primeira fase, Alemanha 3º, Uruguai ressurge com o 4º lugar (o mesmo de 1970!), e Holanda eliminando o Brasil para ser vice diante da Espanha...tudo de novo, Zagallo?



Elson Leonidas, é músico, desenhista e colecionador de futebol de botão.     

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Londres-2012: desafio para os Jogos Rio-2016

1 year to go. Os ingleses estão há um ano da abertura das Olimpíadas de Londres e iniciaram uma contagem regressiva nesta quarta-feira, em evento contagiante na Trafalgar Square. Na cerimônia foram apresentados os modelos das medalhas olímpicas, com a presença de dirigentes do Comitê Olímpico Internacional, entre eles, o brasileiro Carlos Artur Nuzman e Sebastian Coe, presidente do Comitê Organizador da Londres-2012. Coe (medalhista de ouro nos 1.500m do atletismo em Moscou-80 e Los Angeles-84) e o prefeito de Londres garantem que estão prontos com folga nas obras da vila olímpica e também no orçamento (inicialmente, cerca de 9,3 bilhões de libras). O novo estádio olímpico, o ginásio de basquete e o centro aquático são destaques arquitetônicos construídos próximos ao Parque Olímpico, localizado em Stratford no leste de Londres.
As partidas do futebol serão disputadas em várias cidades da Grã-Bretanha, como a modalidade feminina que estará em Cardiff, no País de Gales. Glasgow, na Escócia, Newcastle, Manchester, Coventry e Londres, na Inglaterra, completam os estádios para a competição. No masculino, o Brasil que ainda não conquistou o ouro, já está classificado assim como o Uruguai, bicampeão olímpico nas edições de 1924/28. No feminino, a equipe brasileira se classificou ao lado da Colômbia, na final do Sul-Americano de 2010 e, mais uma vez, será protagonista ao lado de Alemanha, EUA e Japão, atual campeã mundial.


A seleção do Uruguai depois do bicampeonato olímpico
venceu o Mundial da FIFA em 1930
 Para o Rio de Janeiro, próxima sede em 2016, fica o desafio lançado pelos ingleses: antecipar as instalações e a infraestrutura local muito antes da abertura dos Jogos. Isso deve servir de “alerta vermelho” aos organizadores da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, onde as obras do “Itaquerão” (palco da abertura da Copa) ainda estão em fase de terraplanagem e perde em cronograma para a Rússia-2018, com obras já iniciadas.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Falcão - era uma vez em Roma

A imprensa esportiva criou inúmeras vezes uma espécie de legenda para denominar os craques da bola, fato comum nos tempos do "futebol de camisa". Exemplos notáveis foram Jairzinho, "o furacão da Copa", César "maluco", Toninho "guerreiro", Serginho "chulapa", Roberto "dinamite" e, recentemente, Ronaldo "fenomeno", Adriano "imperador" e "Loco" Abreu (sem dúvida, este é louco mesmo, por fazer uma "cavadinha" em penalti do jogo Uruguai X Gana, pelas quartas-de-final da Copa 2010). Ainda temos os mitos Leonidas da Silva (o diamante negro) e Dario "peito de aço" ou Dadá Maravilha (segundo ele mesmo, "aquele que 'pára no ar' como o helicóptero e o beija-flor!"). Sem falar no Rei Pelé – muito além do que os argentinos chamam de "el Dios" para Maradona.
Foi assim com Falcão, chamado "o rei de Roma" nos anos 1980, quando jogava na Itália pela Roma (campeão em 1981/82-83/84), também chamado de Divino ou "oitavo rei de Roma" no grande mercado da bola, com a limitação de dois jogadores estrangeiros por clube italiano. E não foi à toa. Falcão havia ganhado tres Campeonatos Brasileiros pelo Internacional-RS em 1975/76/79 e cinco Estaduais em 1973/74/75/76/78 - um supertime com o veterano goleiro Manga, a zaga "inteligente" formada por Marinho Perez e pelo chileno Figueiroa, Valdomiro, Escurinho, Dadá Maravilha e Lula. Aliás, Falcão e Valdomiro protagonizaram o lendário gol contra o Atlético-MG, na semifinal do Brasileiro de 1976, em pleno estádio do Mineirão - uma pintura - em jogada que começou com uma tabelinha de tres toques de cabeça até o chute de Falcão. (vale uma postagem, pois tenho um amigo gremista que reconhece este como um dos grandes gols da história do Brasileirão)
Falcão esteve na Seleção Brasileira que disputou entre outros, o Torneio do Bicentenário dos Estados Unidos e do "futebol arte" comandada pelo técnico Telê Santana nas Copas da Espanha (1982) e do México (1986), dois times superados por Itália e França, respectivamente, em confrontos memoráveis.
Em entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura, em 17/05/2010), Paulo Roberto Falcão foi cauteloso nas respostas, mantendo a agilidade do volante clássico, sem ceder as questões provocantes sobre convocações da Seleção nas últimas Copas - sobretudo a do técnico Dunga, nos casos polêmicos Adriano, Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Ganso. Como entrevistado, cedido pela TV Globo, disse não poder falar sobre as transmissões da Copa do Mundo, porém fez críticas pontuais sobre sua passagem pela CBF como técnico da Seleção (depois de Lazaroni em 1990) e sobre o time de 1978 que foi ao Mundial da Argentina. Também falou sobre sua condição física na Copa de 1986.
Ponto positivo para Falcão. Com a elegância de ex-técnico da Seleção que usava terno e gravata na beira do campo, lembrou categoricamente que em 1978 não havia treinador mais capacitado para a seleção que Rubens Minelli, pois tinha sido bicampeão brasileiro pelo Inter-RS e em seguida pelo São Paulo em 1977. O que ocorreu foi “verdadeira injustiça” por parte da CBF que cedeu às pressões políticas cariocas durante a ditadura militar, nomeando Cláudio Coutinho, técnico do Flamengo, na campanha conhecida como "campeão moral" do Mundial da Argentina. Segundo Falcão, Minelli, certa vez perguntado sobre qual tipo de jogador ele preferia trabalhar, respondeu: "Eu quero sempre o melhor jogador [...] mas entre convocar um atleta de 1,85m ou 1,70m, vou optar pelo mais alto". Talvez daí, a desconfiança da CBF que o treinador não levaria o "galinho" Zico para o Mundial daquele ano.
No episódio da Copa de 1986, Falcão – substituído por Júnior que atuaria como volante durante o torneio – relata que estava no São Paulo, era dono do próprio passe, mas não tinha a melhor condição física como na galática seleção de 1982. Pretendia voltar à Itália depois da Copa, mas a notícia de sua lesão vazou na imprensa de forma equivocada: joelho estourado. Ainda assim, Diego Maradona o convidou para ser o segundo estrangeiro do Napoli (ITA) e, Falcão mais uma vez perdeu a transferência para o calcio italiano por problemas no calendário (o Napoli foi campeão naquela temporada com um jogador estrangeiro). Sobre a Copa de 1982, em tom bastante lamentoso, apenas um comentário precedido das imagens dos gols na derrota por 3 a 2 no Sarrià: "O empate nos classificaria, mas continuávamos atacando a Itália". (gols da partida: Sócrates e Falcão pelo Brasil e o camisa 20 Paolo Rossi fez os tres da azurra)
Como técnico da Seleção Brasileira (17 jogos), Paulo Roberto Falcão foi segundo lugar na Copa América (1991), rompendo logo depois com a CBF que o impediu de treinar a Seleção Olímpica para os Jogos de Barcelona (1992), pois a política era manter o trabalho da equipe de Lazaroni, fracassada na Copa da Itália (1990).
Durante a entrevista, o ex-jogador manteve a postura equilibrada, característica de sua atuação como comentarista da Globo, afirmando que a tal convicção defendida por Dunga com relação aos convocados e o comprometimento destes com a camisa da seleção, é certamente fruto do trabalho de quatro anos a frente da equipe. E ainda completou: "O Dunga não reage bem às críticas [...] se ganhar o Mundial, vai haver um silêncio profundo daqueles que não acreditaram nos seus resultados (incontestáveis pela CBF) [...] mas se perder, vai ser com sua própria cabeça de treinador".
Falcão estava certo, porém foi difícil aceitar mais uma convocação da seleção canarinho onde não apareceram jogadores representativos do atual futebol brasileiro, correndo o risco de uma fraca campanha. Se havia uma suposta renovação por Dunga (média de idade de 29 anos), sem os medalhões de 2006 – Ronaldo, Ronaldinho e Roberto Carlos – ficamos com Kaká, Luis Fabiano, ambos machucados e Robinho sem os companheiros do Santos. E como sabemos, a "fúria espanhola" foi a campeã em 2010 e ficamos pelo meio do caminho na África do Sul, sem o Gaúcho, sem o Neymar, sem Pato nem Ganso! (e continuamos apelidando nossos craques e os times de futebol)
Elson Leonidas, é músico, desenhista e colecionador de futebol de botão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
UNZELTE, Celso Dario. O livro de ouro do futebol. Ediouro. Rio de Janeiro, 2009. 696p.
WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. páginas visitadas (9/12/2010): Paulo Roberto Falcão; Seleção Brasileira de Futebol.